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ESÕES NO FUTEBOL: PRINCIPAIS TIPOS E TRABALHO FISIOTERAPÊUTICO
A importância da atuação da fisioterapia esportiva nas comissões médicas e técnicas dos clubes de futebol já é um consenso. A adoção de práticas que auxiliam a prevenção de lesões nos atletas é uma atitude cada vez mais incentivada, da pré-temporada ao pós competição.
Segundo artigo* publicado em 2015, na British Journal of Sports Medicine (BJSM), durante 11 temporadas foram coletadas informações de 24 equipes de futebol de nove países europeus. As lesões musculares, de joelho, de tornozelo, de quadril e de panturrilha foram as mais frequentes.
Outro trabalho** publicado por Ekstrand J. e tal, também na BJSM, em 2013, mostrou que as lesões musculares foram responsáveis por 27% das ausências (treinos e jogos), e que 37% das lesões foram nos isquiotibiais, 23% adutores, quadríceps 19% e 13% panturrilha.
No Brasil, um levantamento realizado com dados da Série A do Campeonato Brasileiro de 2017, pela Comissão Nacional de Médicos do Futebol (CNMF), divulgado pela CBF, posiciona as lesões musculares como as primeiras do ranking.
Atuação da fisioterapia esportiva na Copa do Mundo de Futebol Feminino e arbitragem da Copa América.
Mesmo ainda com poucos dados nacionais sobre a incidência de lesões, em todas as faixas etárias de atletas do esporte, as avaliações funcionais e individuais pré-temporada e o acompanhamento contínuo, inclusive das categorias de base, são apontados por fisioterapeutas esportivos como essenciais para avaliação, controle e reabilitação dos atletas.
Os sócios da Sonafe Brasil, integrantes da comissão médica da Seleção Feminina de Futebol, que acaba de voltar da Copa do Mundo da França, Katherinne Ferro e Flávio Brik, ressaltaram o trabalho realizado com as atletas.
“O trabalho com a Seleção Feminina começou em janeiro, com avaliações médicas, de força, performance e preventivas. Como as lesões musculares da coxa e as lesões de joelhos e tornozelos são comuns no futebol feminino (assim como no masculino), escolhemos avaliações específicas para essas regiões. Focamos em atletas que estavam voltando de lesões e cirurgias, com um trabalho multidisciplinar forte”, lembrou Flávio Brik.
Ainda segundo Katherinne Ferro, na preparação para a Copa do Mundo foram realizadas avaliações para identificar variáveis de risco para lesões como, alterações biomecânicas, de força, déficits de amplitude, etc. “Baseados nesses dados, foram traçadas estratégias individuais de prevenção, fornecidas as atletas para realização em seus respectivos clubes. As principais lesões apresentadas, foram lesões musculares, que foram tratadas de forma multimodal, com enfoque em recursos físicos e exercícios terapêuticos, progredidos de acordo com o tempo de lesão e história clínica de cada atleta”, destaca.
Os fisioterapeutas esportivos também auxiliaram a equipe de arbitragem dos jogos da Copa América de Futebol Masculino, que aconteceu aqui no Brasil no mês de junho. Apesar de características diferentes, o sócio da Sonafe Brasil, Fabrício Duarte, que esteve ao lado da equipe de arbitragem e de outros três fisioterapeutas nas partidas que aconteceram em Porto Alegre, as principais lesões atendidas foram as músculo-tendíneas. “Utilizamos técnicas de recovery pós treino e jogos, eletrotermofototerapia, terapia manual, dry needling bem como cinesioterapia para tratar e reabilitar os membros da equipe”.
*Ueblacker P., Wohlfahrt H., Ekstrand J. Epidemiological and clinical outcome comparison of indirect (‘strain’) versus direct (‘contusion’) anterior and posterior thigh muscle injuries in male elite football players: UEFA Elite League study of 2287 thigh injuries (2001–2013), BJSM, 2015.
**Ekstrand J. et all. Injuries affect team performance negatively in professional football: an 11-year follow-up of the UEFA Champions League injury study, BJSM, 2013
Mapeamento de Lesões Brasileirão 2017, CBF. Disponível em: http://download.cbf.com.br/index.php/s/NdvGxSwxEpQV59J